Chegar a Belém, no coração da Amazônia brasileira, é como mudar de mundo.
O clima, os sons, os sabores… tudo é novo, intenso, vibrante. Mas além da descoberta cultural, é uma verdadeira aventura intelectual e humana que estou vivendo na Universidade Federal do Pará (UFPA).
Sou uma estudante francesa de mestrado em negociação trilíngue em comércio internacional, e tenho a sorte de realizar meu estágio na Universitec, a incubadora tecnológica da UFPA. Quero compartilhar minha experiência tanto pessoal quanto profissional nesta universidade profundamente enraizada no território amazônico, onde se cruzam ciência, biodiversidade e inovação.
A UFPA não está apenas situada na Amazônia — ela é amazônica em sua essência. As pesquisas desenvolvidas, os projetos estudantis e as parcerias locais giram em torno da valorização e da preservação desse território único. Isso me leva a repensar minhas referências: aqui, a biodiversidade não é um conceito abstrato, mas uma realidade concreta, onipresente, que molda projetos, reflexões e prioridades. Nesse contexto, a Universitec desempenha um papel essencial. Trata-se de uma incubadora de empresas inovadoras cuja missão é apoiar projetos baseados nos recursos naturais da Amazônia, especialmente no campo da bioeconomia.
As empresas que acompanho diariamente são, em sua maioria, jovens iniciativas oriundas de pesquisas universitárias ou de projetos locais, que buscam valorizar produtos naturais como óleos essenciais, extratos vegetais ou cosméticos orgânicos. Meu papel é ajudá-las a estruturar tanto sua estratégia de marketing quanto sua estratégia de desenvolvimento para exportação. Trabalho com aspectos como comunicação intercultural, escolha de mercados-alvo, adaptação dos produtos às normas internacionais e busca por parceiros. É uma missão apaixonante, pois me permite aplicar meus conhecimentos em comércio internacional e, ao mesmo tempo, aprender uma outra forma de inovar: mais respeitosa com o meio ambiente, mais inclusiva, mais enraizada no território.
O que descubro aqui é uma bioeconomia que não se limita à exploração racional dos recursos: ela integra os saberes tradicionais, valoriza as comunidades locais e busca um equilíbrio entre desenvolvimento econômico e respeito à floresta. É uma visão exigente, mas profundamente inspiradora.
Ser uma jovem francesa na UFPA é, às vezes, ser confrontada com diferenças culturais, com uma outra forma de organizar o trabalho, com referências novas. Mas é, sobretudo, uma oportunidade extraordinária de troca, de partilha, de construção conjunta. As equipes da universidade e da incubadora me acolheram com muita generosidade, e, a cada dia, sinto que contribuo com algo útil, mesmo que modestamente.
Este estágio é uma experiência marcante em todos os sentidos: profissionalmente, porque me dá competências concretas e uma melhor compreensão das dinâmicas internacionais; e pessoalmente, porque me confronta com uma nova realidade, que me obriga a pensar de forma diferente.
Sairei da UFPA com uma certeza: a Amazônia não é apenas um espaço a ser protegido, é também um espaço de futuro, de inteligência coletiva, de inovação responsável. E tenho orgulho de, durante alguns meses, ter encontrado meu lugar aqui.